Olá queridos, sejam bem-vindos!
Estamos de volta com mais uma postagem a respeito do
sofrimento. Esta é a nossa 4ª postagem a respeito deste assunto. Na primeira
abordagem, vimos sobre o sofrimento na perspectiva das visões culturais mais
tradicionais como: moralista, autotranscendente, fatalista e dualista. Na
segunda abordagem, apresentamos as 04 maneiras pelas quais, sociedades com
culturas mais tradicionais ajudam as pessoas a reagirem ao sofrimento e o mal. Na
terceira postagem, pontuamos as divergências entre as culturas tradicionais x a
cultura secular ou ocidental.
Hoje, inseriremos mais uma perspectiva a respeito do
sofrimento. Desta vez, apresentaremos a perspectiva cristã e faremos um contraponto
em relação às culturas tradicionais, apresentadas em nossas postagens
anteriores. Observamos que, todas as 3 abordagens anteriores, bem como esta,
têm como respaldo, o livro de Keller*.
Keller, inicia este comparativo, falando sobre as o
filósofo alemão Scheller, a intenção é descrever sobre a perspectiva cristã a
respeito do sofrimento pela ótica do seu artigo famoso “The meaning of
suffering”.
Para obtermos uma visão mais simplificada, decidimos
fazer esta apresentação a partir de uma tabela comparativa, semelhante ao que
fizemos na terceira postagem.
Visão
cristã
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Outras
visões tradicionais
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Segundo
Scheller, não existe nada de arrogância antiga, nem autovanglória, dos que
sofrem;
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A
visão fatalista é pautada na vergonha e na honra;
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No
cristianismo, o lamento dos que sofrem, ecoa livre e dolorosamente por todos
os cantos... é permitido e até e encorajado expressar seu sofrimento com
lamentos e perguntas;
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Os
estoicos resistem diante das desgraças profundas;
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O
sofrimento é real e não ilusório. Não há reinterpretação da dor. Dor é dor,
prazer é prazer. Não há diminuição da dor, nem da sensibilidade, mas o amadurecimento
da alma no sofrimento que é plenamente suportado;
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Para
o budismo, o sofrimento é ilusório... o bem supremo... precisa-se desligar o
coração das coisas materiais e transitórias e, também, das pessoas;
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O
sofrimento é quase sempre injusto e desproporcional... a vida não é justa;
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Para
os que seguem a doutrina do carma, a pessoa merece todo o sofrimento que lhe
sobrevêm;
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O
sofrimento, não pode ser visto como uma forma de pagar pelos pecados;
O
bem e o mal atravessam o coração de todos os seres humanos. Assim,
sofrimento, à luz da cruz, se transforma em purificação e adquire uma nova e
extraordinária nobreza;
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Para
os dualistas e até certo ponto para os moralistas, o sofrimento é uma forma
de pagar as dívidas. Então, neste sentido, aproxima o sofredor de Deus (de
certa forma, esta é uma interpretação grega e neoplatônica).
O
dualismo divide pessoas em boas e ruins... o sofrimento é um emblema de
virtude e marca de superioridade moral e isto pode justificar a demonização
de grupos que os maltratam;
|
Abaixo, mais considerações a respeito das diversas
visões nas perspectivas acima apresentadas:
Fatalismo: o sofrimento não é algo avassalador e deve-se
suportar com coragem;
Budismo: o sofrimento não é algo real e deve ser
aceito;
Carma: o sofrimento é quase sempre justo e deve-se
pagar o preço;
Secularismo: o sofrimento não tem sentido, deve-se
evitar ou solucionar;
Para o cristianismo, nas visões culturais, acima
apresentadas, existe um elemento que é comum em relação ao sofrimento. Abaixo,
vejamos o que o cristianismo concorda com as outras visões tradicionais a
respeito do tema em questão.
Assim, como os budistas, os sofredores devem deixar de
amar excessivamente as coisas materiais. E em parte, o sofrimento ocorre porque
o ser humano se afastou de Deus, ou seja, ele é responsável por isto.
Como para os secularizados, o cristianismo entende que
não se deve ser tão receptivo à condições e fatores que fazem mal às pessoas e,
o sofrimento, pode ser mudado. Keller, lembra que as culturas pré-secularizadas
mantinham uma passividade absurda diante de situações de sofrimento que podiam
ser alteradas.
Para Keller “... o cristianismo capacita seu povo a se
acomodar em meio aos sofrimentos deste mundo saboreando a alegria futura”.
(p.48).
Talvez, muitos cristãos que acompanharam as 3
primeiras postagens relacionadas ao sofrimento nas diversas visões culturais tradicionais
ou seculares, tiveram uma certa identificação com algumas observações e
considerações destes grupos. A seguir, levantaremos as seguintes questões:
1- Será que os cristãos, realmente conhecem, entendem
e vivenciam o evangelho da forma como o cristianismo ensina?
2- Até onde, as ideias de outras visões culturais e, mesmo
o secularismo, estão embutidas nos atuais ensinos cristãos sem ao menos, nos
darmos conta disto?
3- O que muda para você, saber que o cristianismo,
praticamente, tem ideias tão diferentes de outras visões culturais tradicionais
ou secularizadas?
4- Após conhecer algumas diferenças entre as visões
culturais, o secularismo e o cristianismo, o que pretende fazer? Estudar mais? Fingir
que não percebeu as diferenças? Acreditar que não faz sentido observar estes
ensinamentos sobre o sofrimento a partir da visão do cristianismo?
Gratidão a você que veio e, se desejar, pode deixar
seu comentário!
Rai Godoy
Todos os artigos
aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:
Rai Godoy - Especialista
em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental -
Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT
Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que
serão devidamente citadas
*Keller, Timothy. Caminhando com Deus em meio à dor e ao
sofrimento, São Paulo: Vida Nova, 2016