domingo, 24 de junho de 2018

Sofrimento: O cristianismo e outras visões culturais


Olá queridos, sejam bem-vindos!
Estamos de volta com mais uma postagem a respeito do sofrimento. Esta é a nossa 4ª postagem a respeito deste assunto. Na primeira abordagem, vimos sobre o sofrimento na perspectiva das visões culturais mais tradicionais como: moralista, autotranscendente, fatalista e dualista. Na segunda abordagem, apresentamos as 04 maneiras pelas quais, sociedades com culturas mais tradicionais ajudam as pessoas a reagirem ao sofrimento e o mal. Na terceira postagem, pontuamos as divergências entre as culturas tradicionais x a cultura secular ou ocidental.

Hoje, inseriremos mais uma perspectiva a respeito do sofrimento. Desta vez, apresentaremos a perspectiva cristã e faremos um contraponto em relação às culturas tradicionais, apresentadas em nossas postagens anteriores. Observamos que, todas as 3 abordagens anteriores, bem como esta, têm como respaldo, o livro de Keller*.

Keller, inicia este comparativo, falando sobre as o filósofo alemão Scheller, a intenção é descrever sobre a perspectiva cristã a respeito do sofrimento pela ótica do seu artigo famoso “The meaning of suffering”.

Para obtermos uma visão mais simplificada, decidimos fazer esta apresentação a partir de uma tabela comparativa, semelhante ao que fizemos na terceira postagem.

Visão cristã
Outras visões tradicionais
Segundo Scheller, não existe nada de arrogância antiga, nem autovanglória, dos que sofrem;
A visão fatalista é pautada na vergonha e na honra;
No cristianismo, o lamento dos que sofrem, ecoa livre e dolorosamente por todos os cantos... é permitido e até e encorajado expressar seu sofrimento com lamentos e perguntas;
Os estoicos resistem diante das desgraças profundas;
O sofrimento é real e não ilusório. Não há reinterpretação da dor. Dor é dor, prazer é prazer. Não há diminuição da dor, nem da sensibilidade, mas o amadurecimento da alma no sofrimento que é plenamente suportado;
Para o budismo, o sofrimento é ilusório... o bem supremo... precisa-se desligar o coração das coisas materiais e transitórias e, também, das pessoas;
O sofrimento é quase sempre injusto e desproporcional... a vida não é justa;
Para os que seguem a doutrina do carma, a pessoa merece todo o sofrimento que lhe sobrevêm;
O sofrimento, não pode ser visto como uma forma de pagar pelos pecados;
O bem e o mal atravessam o coração de todos os seres humanos. Assim, sofrimento, à luz da cruz, se transforma em purificação e adquire uma nova e extraordinária nobreza;

Para os dualistas e até certo ponto para os moralistas, o sofrimento é uma forma de pagar as dívidas. Então, neste sentido, aproxima o sofredor de Deus (de certa forma, esta é uma interpretação grega e neoplatônica).
O dualismo divide pessoas em boas e ruins... o sofrimento é um emblema de virtude e marca de superioridade moral e isto pode justificar a demonização de grupos que os maltratam;


Abaixo, mais considerações a respeito das diversas visões nas perspectivas acima apresentadas:

Fatalismo: o sofrimento não é algo avassalador e deve-se suportar com coragem;

Budismo: o sofrimento não é algo real e deve ser aceito;

Carma: o sofrimento é quase sempre justo e deve-se pagar o preço;
Secularismo: o sofrimento não tem sentido, deve-se evitar ou solucionar;

Para o cristianismo, nas visões culturais, acima apresentadas, existe um elemento que é comum em relação ao sofrimento. Abaixo, vejamos o que o cristianismo concorda com as outras visões tradicionais a respeito do tema em questão.

Assim, como os budistas, os sofredores devem deixar de amar excessivamente as coisas materiais. E em parte, o sofrimento ocorre porque o ser humano se afastou de Deus, ou seja, ele é responsável por isto.

Como para os secularizados, o cristianismo entende que não se deve ser tão receptivo à condições e fatores que fazem mal às pessoas e, o sofrimento, pode ser mudado. Keller, lembra que as culturas pré-secularizadas mantinham uma passividade absurda diante de situações de sofrimento que podiam ser alteradas.

Para Keller “... o cristianismo capacita seu povo a se acomodar em meio aos sofrimentos deste mundo saboreando a alegria futura”. (p.48).
Talvez, muitos cristãos que acompanharam as 3 primeiras postagens relacionadas ao sofrimento nas diversas visões culturais tradicionais ou seculares, tiveram uma certa identificação com algumas observações e considerações destes grupos. A seguir, levantaremos as seguintes questões:

1- Será que os cristãos, realmente conhecem, entendem e vivenciam o evangelho da forma como o cristianismo ensina?

2- Até onde, as ideias de outras visões culturais e, mesmo o secularismo, estão embutidas nos atuais ensinos cristãos sem ao menos, nos darmos conta disto?

3- O que muda para você, saber que o cristianismo, praticamente, tem ideias tão diferentes de outras visões culturais tradicionais ou secularizadas?

4- Após conhecer algumas diferenças entre as visões culturais, o secularismo e o cristianismo, o que pretende fazer? Estudar mais? Fingir que não percebeu as diferenças? Acreditar que não faz sentido observar estes ensinamentos sobre o sofrimento a partir da visão do cristianismo?

Gratidão a você que veio e, se desejar, pode deixar seu comentário!

Rai Godoy

Todos os artigos aqui postados são de responsabilidade e *autoria de:
Rai Godoy - Especialista em Sexualidade, Inteligência Emocional e Analista de Perfil Comportamental - Life Coach - Conselheira Profissional – Hipnoterapeuta (Instituto Versate e ACT Institute) - Membro da ABRASEX, SBRASH, SBIE e SLAC. *com algumas exceções que serão devidamente citadas
*Keller, Timothy. Caminhando com Deus em meio à dor e ao sofrimento, São Paulo: Vida Nova, 2016






Nenhum comentário:

Postar um comentário